Pessach | Páscoa

18/04/2019
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Pessach = passar por cima

 

A cerca de 3.500 anos atrás o Eterno realizou grandes feitos, desde preservar a vida de um menino que obrigatoriamente deveria ser morto por ordem de Faraó, até capacitá-lo para liderar o povo hebreu para sair da servidão sob a pesada mãos dos egípcios, e essa história é contada e recontada todos os anos durante a celebração da festa chamada “Pessach” entre as famílias judias até os dias de hoje.

A celebração em si é um mandamento que o Eterno estabeleceu para o povo judeu nunca esquecer dos fatos ocorridos naquela época.

A celebração por si mesma mostra apenas os eventos ocorridos, mas podemos extrair muito mais informações associando-a a todo o texto da Torá.

Fugindo das muitas narrativas, interpretações e lendas sobre o Pessach, devemos nos ater ao que é dito nas Escrituras. Sabemos que dos eventos que se seguiram à ida de Israel (Yakov) e sua família ao Egito, e depois da morte de toda a geração que imigrou de Canaã para a terra de Gósen (Gênesis 47.27) existem poucos relatos. Podemos inferir pelas narrativas, que por gerações o povo hebreu viveu sem uma liderança religiosa e conviveram durante gerações com a religião egípcia. Como é natural das pessoas, elas se adaptam ao meio em que vivem.

A história de seus ascendentes era contada de pai para filho, como era costume dos povos antigos, por isso eles sabiam sobre a sua história, quem eram e como chegaram ali.

Com o passar do tempo, aquele ambiente receptivo em que eles viveram a princípio, se deteriorou, levando os governantes subsequentes a usarem a sua mão de obra de forma servil (Deuteronômio 26:6). Havia discriminação acentuada para com os hebreus, fato esse que manteve a descendência de Jacó livre de miscigenação por longo tempo, sendo esse um meio que o Eterno usou para impedir que fossem completamente assimilados ao povo do Egito.

O povo hebreu experimentou duras provações, foram feitas tentativas de diminuir a sua proliferação, e foram maltratados por gerações. Esses fatos produziram um forte sofrimento que levou o povo a gemer sob o peso colocado sobre eles. A Torá não diz que eles oravam ao Eterno, pois tudo indica que não o conheciam, mas o Eterno os conhecia e tinha um propósito para com o povo descendente de Israel.

Quando chegou a hora certa, o gemido e o lamento do povo chegaram aos ouvidos do Criador (Ex 2.23-25) e Ele começou então a realizar o que já tinha planejado antes da fundação do mundo, Ele agora iria formar uma nação conforme era o seu propósito desde o chamado de Abrão.

Manipulando os acontecimentos, como só o Eterno poderia fazer, Ele preparou Moshé para ser o líder improvável para os hebreus escravizados.

O próprio príncipe desconhecia o Deus de seu pai Abraão, e precisou ter duras provações para finalmente receber a revelação de que era verdade que o Eterno havia falado com os patriarcas do seu povo e era real (Êxodo 3:10).

Esse homem foi incumbido de fazer o povo de Israel saber que havia um propósito para a sua existência e que faria sinais para confirmar tudo o que Moshé iria dizer a eles.

A partir desse momento tudo o que começou a acontecer somente confirmava esse propósito, o Egito com todo o poderio do faraó e com todos os seus deuses não puderam fazer frente ao Deus de Abraão, Isaque e Jacó, que manifestou o seu poder para que um aglomerado de pessoas que tinham em comum apenas a sua ascendência familiar e o fato de serem escravos, começassem a ser moldados como um povo e mais ainda como uma nação.

Depois de terem atravessado o mar de Suf, sentiram-se livres e com uma identidade única (Êxodo 14:15).

Por séculos eles foram preservados como uma etnia, isso podemos reconhecer como ação do Deus de Jacó, foram vários fatores que os fizeram ímpares por gerações.

A partir de sua saída milagrosa da sua terra da servidão, o Eterno começou a preparar o seu povo para ser o que Ele planejara usando Moshé diariamente. Formou uma nação diferente de todas as demais por ter um governo teocrático, com leis próprias ditadas diretamente a Moshé, e um povo com experiências únicas.

Durante quarenta anos, no deserto, foi expurgado do meio do povo todo o ranço do Egito, sua cultura, resquícios da religião e memória. Ainda carregavam a religião egípcia, demonstrado pela feitura do bezerro de ouro. (Êxodo 32:1)

Agora uma nova geração surge com uma nova identidade em que o Deus de Israel seria a sua principal riqueza.

Nada disso seria realidade se não ocorresse uma intervenção milagrosa durante todo o tempo, desde a promessa feita a Abraão até finalmente Moshé ser levantado como o líder que nos trouxe a Torá de cima do monte Sinai.

Agora, o povo de Israel segue o seu caminho para cumprir o seu principal papel, ser meio pelo qual o Eterno iria trazer ao mundo o Messias e Salvador de toda a humanidade, o que não seria possível se a descendência de Jacó permanecesse no Egito e fosse assimilado.

Hoje permanece a ordenança de celebrarmos o seder (ordem) de Pessach para que nada disso seja esquecido.

Segundo Gamaliel, precisamos mencionar ao menos três coisas no Pessach, o Cordeiro Pascal, a Matsá (pão asmo) e as Ervas amargas (Êxodo 12:8). Mas, muitas outras coisas foram sendo acrescentadas à celebração ao longo do tempo.

O Cordeiro lembra o animal sacrificado (korban) para que o seu sangue fosse um sinal para o anjo da morte passar por cima das casas dos hebreus.

A Matsá para lembrar que o povo teve que sair com pressa e não deu tempo para levedar a massa de pão. O fermento representa a degradação do pecado, por isso nos livramos de todo fermento da nossa vida.

As Ervas Amargas nos lembram da amargura de uma vida de escravidão.

Para os messiânicos, lembramos que Yeshua foi morto nessa época, na época de sacrificar o cordeiro. Yeshua foi morto para que a morte seja vencida e recebamos a vida pelo sangue do Cordeiro de Deus. A matsá partida lembra do profeta Isaías que disse que o Messias teve o seu corpo partido por nós. As ervas amargas nos lembram que a escravidão do pecado é amarga na vida das pessoas.

Outros elementos que foram adicionados, não deixam também de ter significado para nós. O vinho tradicionalmente acompanha todas as refeições do povo judeu ao longo dos tempos e foi incorporado pela tradição, não é uma ordenança que ele faça parte do cerimonial, mas para nós, lembramos que Yeshua o relacionou com o seu sangue que seria vertido por nossos pecados (Jo 1.29).

Outros elementos são associados com a vida no Egito, como o charosset (doce feito com maçã, vinho, passas e nozes) que faz lembrar a cor da argamassa para fazer tijolos usada pelo povo hebreu. A água com sal remete às lágrimas do povo escravo. Estes elementos não são obrigatórios e nem citados, mas têm seus significados para lembrança dessa história.

A celebração do Pessach é a celebração de um Grande Milagre e a demonstração do cuidado detalhado do nosso Criador em realizar seus maravilhosos Planos de uma forma perfeitamente orquestrada.


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