Como celebramos o Yom Kipur

07/10/2019
Por Rosh Gilberto Branco

Tempo de leitura: minutos


A Torá nos instrui que dez dias depois da celebração de Yom Teruá, devemos celebrar o chamado Yom Kipur ou dia da expiação.

O sétimo mês é a forma como está registrado na Torá, mas recebeu o nome de tishrei por influência babilônica.


Este texto estabelece a celebração;

Disse o Eterno a Moisés:

"O décimo dia deste sétimo mês é o Dia da Expiação. Façam uma reunião sagrada e humilhem-se, e apresentem ao Senhor uma oferta preparada no fogo.

Não realizem trabalho algum nesse dia, porque é o Dia da Expiação, quando se faz propiciação por vocês perante o Senhor, o Deus de vocês.

Quem não se humilhar nesse dia será eliminado do seu povo.

Eu destruirei do meio do seu povo todo aquele que realizar algum trabalho nesse dia.

Vocês não realizarão trabalho algum. Este é um decreto perpétuo para as suas gerações, onde quer que vocês morarem.

É um sábado de descanso para vocês, e vocês se humilharão. Desde o entardecer do nono dia do mês até ao entardecer do dia seguinte vocês guardarão esse sábado". Levítico 23:26-32


Alguns textos formam a visão geral dessa atividade sacerdotal que os descendentes de Arão deveriam realizar anualmente;

Mas por holocausto, em cheiro suave ao Senhor, oferecereis um novilho, um carneiro e sete cordeiros de um ano; eles serão sem defeito.
E, pela sua oferta de alimentos de flor de farinha misturada com azeite, três décimas para o novilho, duas décimas para o carneiro,
E uma décima para cada um dos sete cordeiros;
Um bode para expiação do pecado, além da expiação do pecado pelas propiciações, e do holocausto contínuo, e da sua oferta de alimentos com as suas libações.
Números 29:8-11

Nesta passagem fica definida a data do ofício.


O dia da expiação era o dia em que o sumo sacerdote separava dois bodes;
“Também tomará ambos os bodes, e os porá perante o Senhor, à porta da tenda da congregação.
E Arão lançará sortes sobre os dois bodes; uma pelo Senhor, e a outra pelo bode emissário.
Então Arão fará chegar o bode, sobre o qual cair a sorte pelo Senhor, e o oferecerá para expiação do pecado.
Mas o bode, sobre que cair a sorte para ser bode emissário, apresentar-se-á vivo perante o Senhor, para fazer expiação com ele, a fim de enviá-lo ao deserto como bode emissário.
Levítico 16:7-10


A Torá instrui os sacerdotes como fazer o sacrifício;

Depois degolará o bode, da expiação, que será pelo povo, e trará o seu sangue para dentro do véu; e fará com o seu sangue como fez com o sangue do novilho, e o espargirá sobre o propiciatório, e perante a face do propiciatório.
Assim fará expiação pelo santuário por causa das imundícias dos filhos de Israel e das suas transgressões, e de todos os seus pecados; e assim fará para a tenda da congregação que reside com eles no meio das suas imundícias.
E nenhum homem estará na tenda da congregação quando ele entrar para fazer expiação no santuário, até que ele saia, depois de feita expiação por si mesmo, e pela sua casa, e por toda a congregação de Israel.
Então sairá ao altar, que está perante o Senhor, e fará expiação por ele; e tomará do sangue do novilho, e do sangue do bode, e o porá sobre as pontas do altar ao redor.
E daquele sangue espargirá sobre o altar, com o seu dedo, sete vezes, e o purificará das imundícias dos filhos de Israel, e o santificará.
Havendo, pois, acabado de fazer expiação pelo santuário, e pela tenda da congregação, e pelo altar, então fará chegar o bode vivo.
E Arão porá ambas as suas mãos sobre a cabeça do bode vivo, e sobre ele confessará todas as iniquidades dos filhos de Israel, e todas as suas transgressões, e todos os seus pecados; e os porá sobre a cabeça do bode, e enviá-lo-á ao deserto, pela mão de um homem designado para isso.
Assim aquele bode levará sobre si todas as iniquidades deles à terra solitária; e deixará o bode no deserto.
Levítico 16:15-22

Vemos que Yom Kipur não é o dia designado para nós buscarmos o perdão dos nossos pecados individuais que cometemos durante todo o ano, como messiânicos sabemos que os nossos pecados já foram justificados pelo sacrifício de Yeshua no madeiro e não precisamos de um dia especial para isso.
No período bíblico antes do Mashiach, o sacerdote fazia a oferta de um bode pelos pecados do povo, ou seja, pelos pecados coletivos do povo, como também os confessava na cabeça do bode que seria levado ao deserto.

Vemos que nesse dia a participação do povo era passiva, pois somente os sacerdotes tinham algo para realizar, o povo apenas deveria ficar contrito e humilhar-se na presença do Eterno enquanto acompanhava todas as atividades.

Os sacrifícios que agradam a Deus são um espírito quebrantado; um coração quebrantado e contrito, ó Deus, não desprezarás. Salmos 51:17

Mais importante do que o jejum, é a contrição.

Desta forma, já que não há mais como um sacerdote realizar a cerimônia no templo, o que devem os messiânicos fazer?
Nós assumiremos a função dos sacerdotes, não mais oferecendo sacrifícios, pois Yeshua já o fez por nós, mas iremos interceder pelo povo de Israel que ainda não entendeu que Yeshua é o Messias, devemos apresentar um povo pecador que não reconheceu ainda a oferta do Korban perfeito que foi Yeshua, sacrificado uma única vez pelos pecados de cada pessoa que nele confia. Vamos cumprir a ordenança de nos humilharmos e intercederemos para que cada judeu na face da terra tenha oportunidade de conhecer e reconhecer Yeshua como Messias e Salvador.


Os que optam por jejuar estarão mais capacitados para orar neste período, pois o jejum revela um desejo de mortificar a carne e demonstra o domínio próprio que é bastante valorizado pelo Eterno. Então não é só o fato de jejuar, mas o que se faz neste tempo.


Aproveite a oportunidade para dar uma revisada geral na sua vida e veja se, por acaso, não escapou alguma coisa e se acerte com o Eterno.

O Yom Kipur é um dia inteiro dedicado à reflexão sobre o pecado na vida da nação de Israel e também na nossa própria vida.


Os rabinos interpretaram a palavra usada da Torá que é traduzida como afligir como sendo jejuar, daí a grande importância do jejum nesta celebração.

Como na cultura judaica o dia começa após o pôr do sol, tradicionalmente se inicia um jejum nesse momento, quando começa o Yom Kipur. Realiza-se sempre um serviço especial de início que começa no “erev Yom Kipur”, após esse serviço se retorna para casa para voltar pela manhã ainda em jejum.

Pela manhã realiza-se mais um serviço que se encerra ao meio dia.

Um parêntese agora, durante este serviço da manhã a comunidade judaica tradicional faz uma oração chamada Kol Nidrei.

Kol Nidrei é uma cantata especial de oração perguntando a Deus por algum voto que tenha sido tomado inapropriadamente. As origens das petições datam da época da inquisição, quando muitos judeus foram forçosamente convertidos nas igrejas, mas ainda queriam manter suas conexões com seu povo. A ideia é que com o serviço de Kol Nidrei os votos sejam anulados. Os messiânicos não devem ter parte com isso porque sabemos que qualquer ato errado da nossa parte será resolvido pelo sacrifício de Yeshua, e não com uma cerimônia desprovida de respaldo na Torá.

Retorna-se à congregação no final de tarde para o serviço de “Neilá” ou encerramento do dia com o toque do shofar.

Lembremos que não há nas Escrituras nada que nos leve a dizer que se deva “entregar o jejum”, pois jejum não é um sacrifício para se ofertar, mas uma demonstração de domínio próprio, de domínio da carne fortalecendo o espírito.

Durante os três serviços, além de pontos tradicionais que realizamos, daremos ênfase na intercessão pela salvação das “ovelhas perdidas da casa de Israel”, pois não há nada mais importante nesse dia do que exaltarmos o propósito do Eterno para com a salvação individual de cada judeu.

Yom Kipur não é exatamente uma festa, mas um dia solene de muita responsabilidade, é quando lembramos de forma mais evidente o quanto as “ovelhas perdidas da Casa de Israel” são do interesse do Eterno nosso Deus, mas ao mesmo tempo não é um dia de tristeza, pois devemos ter a convicção de que a nossa intercessão não será em vão, pois o Ruach irá agir na vida de muitos judeus pelo mundo, levando a Salvação ao coração de muitas pessoas que ainda estão sem paz e sem a alegria de conhecer o Mashiach nosso Salvador.

Quando termina o dia, ao pôr do sol, encerramos a celebração com um longo toque do shofar. Nessa ocasião, o shofar assume o ponto alto do dia, quando mais uma vez nos lembramos do chamado de Yeshua para sermos suas testemunhas, “tanto em Jerusalém, Judeia, Samaria e até os confins da terra.

Para o encerramento do dia, deve-se preparar uma refeição leve para que cada um que jejuou por 24h recupere as suas forças.

Recomenda-se que as pessoas que tenham a saúde debilitada consultem o seu médico para avaliar se poderá jejuar por 24 horas.

O jejum deve ser total, abstendo-se de alimentos e água, mas, se alguém não puder ficar todo o dia, faça o quanto suportar ou mesmo quem não puder fazê-lo, participe da mesma forma do propósito deste dia em atitude de contrição, e interceda como um sacerdote pelo povo hebreu, tenha empatia pelo sofrimento daqueles que, mesmo tendo uma religião que reverencia a Torá, não encontraram nela a transformação de suas vidas.

Um verdadeiro messiânico irá valorizar muito a celebração deste dia, pois estaremos, sem dúvida, cumprindo o propósito que o Eterno tem quando inspirou o ressurgimento do que hoje chamamos de “Movimento Judaico Messiânico” no século passado, que é a salvação daqueles que o Shaliach (apóstolo) Shaul se referiu em Romanos 10 com importantes comentários também no capítulo 9.


Ao concluir o Yom Kipur, devemos manter em mente que a nossa intercessão não se restringe apenas a uma celebração por ano, mas que todos os dias devemos continuar a lembrar que diariamente estão morrendo judeus em todo o mundo que ainda não ouviram que Yeshua é de fato o Messias de Israel.


Ao encerrar o período de Yom Kipur, os judeus tradicionais expressam o desejo de que os seus nomes estejam inscritos no Livro da Vida.

Infelizmente para eles somente o fato de terem jejuado e cumprido este dia não garantirá que estejam relacionados como justificados diante do Eterno, é fundamental que todos saibam que o nosso nome só será registrado no Livro se formos justificados pelo sangue de Yeshua e permanecermos fiéis até o fim. Então os milhões de judeus que jejuaram, mas não tem Yeshua em sua vida apenas cumpriram uma tradição e não ganharam nada com isso, mas um messiânico que orou fervorosamente para que esses judeus sejam salvos, fez algo de grande valor.


Participemos do propósito do nosso Criador para que logo se complete o número dos salvos e então ouviremos o soar do último shofar.


... num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som do último shofar. Pois o shofar soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos transformados.” 1 Coríntios 15:52

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