Homem em e apontando o dedo para você (para frente), no fundo desfocado, uma rua com carros estacionados

O quão messiânico você é?

03/10/2021
Por Rosh Gilberto Branco

Tempo de leitura: minutos


Pela pergunta já se percebe que não me dirijo aos gentios que deixando o cristianismo se enveredaram no judaísmo tradicional ou ortodoxo, que acham que “viraram” judeus e querem ser mais judeus que os judeus, esses nem deveriam acompanhar o perfil de um messiânico a menos que ainda estejam incertos dos seus passos e queiram rever os seus conceitos.
Muitos desses se tornam inimigos dos judeus messiânicos, lhe fazem antagonismo para parecerem à comunidade judaica tradicional que são os paladinos da tradição judaica, do talmud, da kabalá e da Torá e acham que assim serão melhor aceitos dentro da comunidade judaica. Não sabem eles que nunca serão aceitos como judeus de verdade, mesmo que sejam circuncidados, que se vistam de preto, que usem talit katan ou tsit tsit preso na calça, chapéu e coisas semelhantes! (Sem contar os que fazem questão de adotarem pseudônimos com aparência judaica para que os outros se iludam com isso.)
Não me dirijo aos judeus legítimos que são antagônicos ao messianismo, mesmo porque eles não perdem tempo vigiando o que os messiânicos ou cristãos estão postando nas mídias sociais.
Me dirijo de fato aos judeus e gentios que, tendo tido contato com o Movimento Judaico Messiânico, desejaram conhecer melhor o assunto, porque sentiram um toque especial em seus corações para isso e querem saber o que o seu Deus quer que façam.

O porquê da pergunta se deve ao fato de eu ter verificado que existem muitas pessoas que avidamente tem procurado por informações messiânicas na Internet, e devido a uma avalanche de informações sem procedência ou de procedência questionável que está disponível na mídia, tem ingerido muita coisa contaminada ou adulterada, o que tem levado um enorme número de pessoas que iniciaram a sua trajetória dentro do cristianismo com sinceridade e convicção a duvidarem do que creram, correndo o risco mesmo de negarem o seu Messias e Salvador Jesus.

Pessoas sem escrúpulos tem derramado na Internet doutrinas, com aparência de erudição e conteúdo, mas que, na verdade, são um amontoado de baboseiras sem pé nem cabeça, sem fundamentação teológica, histórica ou científica e sem base real nas línguas originais das Escrituras, e que misturando essas línguas sem critério tiram conclusões errôneas, mas que aos olhos dos incautos menos esclarecidos parecem a mais pura verdade.
Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios; 1 Timóteo 4:1
Algumas milhares de pessoas têm sido enlaçadas por essas armadilhas doutrinárias e afastam-se do cristianismo como se fosse a maior praga da humanidade, mas esquecem-se de que o Eterno tem mantido o seu propósito de salvação durante os últimos dois mil anos, sem haver interrupção com a mensagem.

Mesmo que algumas pessoas no passado tenham se afastado do conteúdo completo da mensagem de Yeshua o nosso Messias e Salvador ao longo da história, isso não implica que não tenha havido salvação e que pessoas sinceras não tenham mantido profunda comunhão com o Eterno nos últimos séculos.
“Os erros dos antigos não justificam os erros dos contemporâneos”.

Ao longo dos séculos, o nosso Deus sempre tem alcançado almas fiéis e sinceras com a ação do Ruach HaKodesh, e assim tem preservado a mensagem sadia anunciada por Yeshua. Isso é o cumprimento do que Shaul disse em sua carta aos Romanos no capítulo 11, onde a grande experiência de transformação de vidas pelo sacrifício no Gólgota foi levada aos gentios ou às nações do mundo, com uma consequente diminuição da presença judaica na assim chamada Igreja. Mas lembre-se, isso fez parte do propósito do Eterno.

Essa predominância gentílica esfriou a presença da cultura mosaica na Igreja? É evidente que sim, ninguém pode negar isso, mas o quanto isso impediu a ação do nosso Deus? Nada, ninguém pode impedir o Criador de fazer o que Ele quer fazer, e Ele sempre o faz de maneira perfeita.

Se a ausência de tradições judaicas na Igreja fosse um obstáculo para a ação do Ruach nas pessoas, será que Deus teria permitido que milhões de vidas fossem enganadas e morressem crendo que o sacrifício de Yeshua teria sido o suficiente para o perdão dos seus pecados, mas que por não terem mantido as tradições judaicas ou vivido as alianças do Eterno para com o povo judeu eles foram de fato condenados pelo Criador?
Pelas Escrituras eu creio que não, o Eterno continua o mesmo de sempre, sempre ativo para salvar o homem, o problema são as pessoas que raciocinam como bem querem e interpretam a vontade divina conforme a perspectiva humana, não do ponto de vista de Deus!

O que realmente agrada ao Criador, seria um ritual majestosamente realizado, ou um coração contrito que clama pela presença de Deus na sua existência?
Faz-se muitas acusações contra a Igreja, acusam-na da influência de Roma (Vaticano), o que na verdade até temos que admitir que em um certo nível existe mesmo, mas não como querem fazer crer. As acusações consistem não apenas em afirmar que as traduções das Escrituras são falaciosas, como até mesmo que os textos na linguagem original foram adulterados ou falsificados para defender doutrinas espúrias, o que nunca foi possível de ser provado, mas pessoas desqualificadas afirmam essas coisas como se fossem os guardiões da verdade e da revelação de mistérios, sendo na verdade os verdadeiros embusteiros.
Como a maioria das pessoas que os leem não vão procurar as evidencias das afirmações lançadas ao léu, se sentem motivadas a multiplicar as postagens compartilhando ou “copiando e colando” os textos nas mídias sociais, alcançando um número ainda maior de pessoas ingênuas que se deixarão enredar por essas falsas doutrinas.

Podemos enquadrar na categoria acima também as afirmações contraditórias sobre a divindade de Yeshua, sua messianidade, questionamentos sobre o nome de Yeshua e Jesus, grupos tentam adulterar a escrita do seu nome em formas que não se encontram nas Escrituras, outros afirmam que fizeram a “descoberta” sobre a pronúncia do nome de Deus, a forma absurda de misturar grego e hebraico para contestar o termo DEUS (sem atentar que os próprios judeus tradicionais usam essa palavra de origem latina sem nenhum problema), fazem a tentativa de invocar deuses da antiguidade para denegrir os princípios do Brit Chadashá (Novo Testamento), e outros temas mais, fora os que ainda virão.

Há também os que afirmam que os judeus não precisam crer em Yeshua, basta serem fiéis cumpridores dos preceitos do judaísmo que já estão garantidos no “olam rabá” (mundo vindouro). Isso é uma estratégia demoníaca para tentar impedir os judeus de conhecerem a salvação obtida pelo mestre Messias.

Outro ponto de muita confusão também é o despertar do interesse doentio sobre ancestralidade judaica que alguns grupos procuram difundir, uns querem afirmar que se a Igreja não resgatar, restaurar ou retornar à características da Igreja do primeiro Século Yeshua não volta, assim as igrejas contemporâneas vivem na heresia enquanto que somente os “messiânicos” é que vão ser recebidos pelo Eterno, assim muitas pessoas deixam as suas igrejas, mudam o seu nome por um nome “judaizado” e se declaram judeus messiânicos, e por não congregarem mais se tornam membros de uma congregação virtual pela Internet.

Outros declaram que todas as pessoas que creem em Yeshua tem ascendência judaica de uma das dez tribos de Israel, pois só os judeus podem crer em Yeshua, arranjando assim ancestralidade hebraica para milhares de pessoas que acabam acreditando nisso e se declaram judeus somente porque creem em Yeshua e devem então viver como judeus porque senão desagradarão ao Eterno.

Outros, por deixarem suas igrejas, agora combatem o “dízimo” alegando que era destinado apenas para alimentar pobres. São cegos que não vem a importância de congregar e não olham a questão de forma ampla e completa. Alegam que líderes cristãos estão se aproveitando da ingenuidade dos fiéis para enriquecer, isso é verdade? Admitimos que existem mercenários da fé em todas as religiões, incluindo no judaísmo e no falso messianismo, mas a generalização é imoral. Os aproveitadores da fé prestarão contas ao Eterno, eu não tenho a menor dúvida.

Por essas e outras razões, podemos distinguir o que eu chamo de “paramessiânicos” ou como dizem outros “pseudomessiânicos” dos verdadeiros judeus messiânicos. (Aí vem os convertidos ao judaísmo dizer que não existem judeus messiânicos, que judeu não crê em Jesus e blá, blá, blá.)
A principal diferença que vemos nesse falso messianismo é a ênfase no “ser judeu”, “viver como judeu”, e quem estiver fora disso é idólatra.
As suas postagens nas redes sociais raramente saem do âmbito de se celebrar o Shabat, cumprir as festas que são mandamento perpétuo para os judeus, cashrut, o nome de Yeshua, pensamentos dos “nossos sábios” já sendo mesclados com partes do talmud e kabalá, circuncisão, e coisas similares.

Bem, vamos então falar o que realmente é ser messiânico e o quão messiânico você é.
O atual movimento judaico messiânico começou após 1967 no fim da Guerra dos Seis Dias em Israel, como cumprimento da palavra de Yeshua em Lucas 21.24, quando após quase vinte séculos Jerusalém teve o seu governante judeu.
Cairão pela espada e serão levados como prisioneiros para todas as nações. Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos deles se cumpram. Lucas 21:24

O Eterno começou a reimplantar os ramos cortados da oliveira (Romanos 11.23) quando um razoável número de judeus passou a reconhecer Jesus como o seu Messias e Salvador. Devemos convir, que nessa época não haviam congregações ou sinagogas messiânicas em nenhum lugar, então onde eles encontraram o seu Salvador? Certamente em igrejas.
Depois de algum tempo viu-se que era muito difícil levar outros judeus às igrejas por motivos óbvios, foi quando o Ruach inspirou e motivou esses mesmos judeus a começarem a organizar ambientes favoráveis para que judeus se sentissem em seu próprio ambiente, onde pudessem ouvir a Bessorá (Boas Novas) em sua própria linguagem, ou seja, a finalidade do movimento messiânico foi levar a salvação aos judeus conforme a vontade de Eterno.

Um messiânico verdadeiro prima por falar de Yeshua, ou até mesmo de Jesus, para ouvidos sedentos para ouvir sobre o perdão dos pecados e o novo nascimento providos pela morte e ressurreição do nosso Messias no madeiro. Se fosse para difundir judaicidade, eles continuariam em suas sinagogas tradicionais sem nenhuma outra preocupação.
Alguns que adentram o judaísmo messiânico ficam inibidos de externarem a sua verdadeira fé porque pessoas desvirtuadas dos princípios messiânicos fazem verdadeiro “bulling” de termos e comportamentos, alegando que somos “messingélicos”, “cristãos fantasiados”, “pastores disfarçados” e coisas semelhantes como se isso fosse o fim do mundo judaico.

NÃO, vamos deixar claro isso, o cristianismo veio do primeiro judaísmo messiânico, então os judeus messiânicos tem hábitos e linguagem que em muito se assemelha com os cristãos, e não temos vergonha disso, temos amizade e interação com os evangélicos porque temos muito em comum e fazemos parte do mesmo corpo do Messias, (é, mas, e as cruzadas, a inquisição, o nazismo, o antissemitismo, o preconceito, etc.) É, isso existiu e existe, mas não significa que seja a essência do Cristianismo, pessoas más e descompromissadas com Deus fizeram essas coisas e eles prestarão contas com o Justo Juiz.
Observo que o assunto mais tratado entre os messiânicos que vivem em países onde o messianismo é mais desenvolvido do que aqui no Brasil, gira entorno de Yeshua, sua mensagem, seu sacrifício, a nossa redenção, o pecado, o perdão, estar cheio do Ruach, oração e tudo o que é de fato edificante. Quase não vejo isso aqui no Brasil, fica essa briga para cada um parecer mais judeu do que o outro e esquecem a base de tudo isso.

No Brasil temos centenas de milhares de judeus, religiosos, seculares, desligados de religião, desligados de judaísmo e até seguidores de outros cultos, que precisam saber que Yeshua é o Messias perdoador de pecados, que estão quase que completamente esquecidos pelos que se dizem “messiânicos”, sendo arrastados pelo marranismo que visa a judaização sem Yeshua, porque ficam mais preocupados se o nome de Yeshua não é “Yahusha” “Yeohoshua” ou seja lá o que for que seja de muito menor importância do que saber que um judeu sem Yeshua não será salvo.
Irmãos, o desejo do meu coração e a minha oração a Deus pelos israelitas é que eles sejam salvos.
Pois posso testemunhar que eles têm zelo por Deus, mas o seu zelo não se baseia no conhecimento.
Porquanto, ignorando a justiça que vem de Deus e procurando estabelecer a sua própria, não se submeteram à justiça de Deus.
Romanos 10:1-3

Você é messiânico? Judeu ou Gentio, mude o seu foco, seja messiânico de verdade e anuncie o MESSIAS Yeshua. Quer viver uma vida judaica? Ótimo, faça-o, mas não esqueça o que é mais importante, “lavar as mãos pela tradição” ou obedecer a Torá de Yeshua (Marcos 7.1-13)?
Ele respondeu: "Bem profetizou Isaías acerca de vocês, hipócritas; como está escrito: ‘Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim.
Em vão me adoram; seus ensinamentos não passam de regras ensinadas por homens’.
Vocês negligenciam os mandamentos de Deus e se apegam às tradições dos homens".
Marcos 7:6-8

O desejo do meu coração é que os judeus brasileiros sejam salvos aos milhares e não apenas algumas unidades como vemos hoje, oro por um grande avivamento no meio messiânico, desejo que surjam dezenas de congregações com líderes que continuem a visão dos pioneiros judeus messiânicos da década de 70 do século passado.
Se você se identifica com estes princípios, se realmente sente desejo de ver a salvação de um povo esquecido na evangelização, tanto pela Igreja como pelos “paramessiânicos”, então você poderá dizer com propriedade, ‘Sou plenamente Messiânico ‘.

Escrito por

Rosh Gilberto Branco

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