O pecado do mundo

31/03/2021
Por Rosh Gilberto Branco

Tempo de leitura: minutos


Pelo que sabemos através das Escrituras, o pecado tem sido experimentado pelo homem desde o primeiro a ser criado. Adão e sua esposa pecaram, mas podemos inferir que eles se consertaram e aprenderam a sacrificar animais derramando o seu sangue para serem justificados, ainda que as consequências do pecado permaneceram.

Já o seu filho Caim pecou, mas não se arrependeu, ainda que o próprio Criador lhe tenha dado oportunidade para acertar as coisas.

Se bem fizeres, não haverá aceitação para ti? E, se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e para ti será o seu desejo, e sobre ele dominarás. Gênesis 4:7

Podemos ver na narrativa bíblica que ele saiu do meio da família, se estabeleceu por sua própria conta e influenciou toda a sua descendência a ignorar a Deus e a viver pelas suas próprias regras.

O inverso aconteceu com a família de Adão, pois Sete e seus irmãos continuaram sobre a influência de seus pais e serviam ao Eterno.

O tempo passou, as famílias se formaram e se relacionaram, os filhos de Deus (descendentes dos fiéis) se encantaram com os descendentes de Caim e se misturaram, mas o maior problema foi a influência cultural que adveio disso, o desprezo ao Eterno agora fazia parte da cultura humana, e a consequência foi o dilúvio.

Sabemos que o dilúvio não curou os homens, foi um evento que marcou a humanidade como um aviso de que Deus está atento às nossas ações.

De Noé para frente, nada mudou, a maioria das pessoas continuam desprezando o Criador e um menor número procura manter contato com Ele.

E então, como será que o Eterno vê essa situação? Será tolerante com isso?

Se o Eterno for tolerante, significaria que Ele aceita essa condição como normal e nada fará para mudar e não haverá consequência. É isso que diz a Torá?

Obviamente a Torá não nos leva a entender assim, podemos então aprender que o Criador é paciente, Ele espera, dá oportunidade para a mudança, mas ao mesmo tempo é severo e faz cumprir a justiça.

Quando pensava em compreender isto, fiquei sobremodo perturbado;
até que entrei no santuário de Deus; então, entendi eu o fim deles.
Certamente, tu os puseste em lugares escorregadios; tu os lanças em destruição.
Como caem na desolação, quase num momento! Ficam totalmente consumidos de terrores.
Como faz com um sonho o que acorda, assim, ó Senhor, quando acordares, desprezarás a aparência deles.
Salmos 73:16-20


Um episódio bem marcante que mostra o juízo sobre um povo pecador é quando o Senhor aparece a Abraão e diz que vai destruir as pessoas da região de Sodoma, pois a forma de vida deles era uma afronta ao Criador.

porque estamos para destruir este lugar. As acusações feitas ao Senhor contra este povo são tantas que ele nos enviou para destruir a cidade". Gênesis 19:13


Podemos ver claramente o tratamento que é dado aos ímpios quando chegamos ao livro de Êxodo.

Por gerações o Eterno foi paciente com o povo egípcio, mais especificamente com os faraós. A cultura egípcia desenvolveu-se baseada na crença em muitos deuses, moldaram uma religião rica em aparência, não pouparam investimentos em templos ricamente adornados com ouro e opulência, uma nação poderosa que pela força conquistou muitos povos.

Mas quando chegou a hora, tudo desmoronou, porque um povo pobre, fraco e desorganizado, mas cuja existência tinha um propósito para o Eterno, foi o meio de mostrar que o pecado não fica impune.

A paciência do Criador fica evidente quando Moisés é enviado para exortar o faraó para obedece-lo, dando oportunidade para evitar catástrofes. Infelizmente para o Egito, o faraó não deu ouvidos.

Mas Faraó disse: Quem é o Senhor, cuja voz eu ouvirei, para deixar ir Israel? Não conheço o Senhor, nem tampouco deixarei ir Israel. Êxodo 5:2


A dureza do coração do rei trouxe calamidades a todo o seu reino, sendo que o povo do Egito não era inocente também, por isso todos sofreram.


Porém, devemos considerar que a severidade sobre o pecado não ficou restrita ao povo do Egito, mesmo o povo hebreu, que foi a causa da ruina de faraó, também estava sobre o juízo de Deus.

A mesma cultura idolátrica da religião egípcia havia sido assimilada pelos descendentes de Jacó, o que foi demonstrada no evento da fabricação do bezerro de ouro por Arão.

A falta de um compromisso sincero demonstrado pelos que saíram do Egito, levou-os a receberem a sentença de morrerem no deserto durante uma peregrinação de quarenta anos.

Isso demonstra que ninguém está isento de prestar contas ao nosso Deus.


Quando as gerações sobreviventes dos hebreus começaram a conquistar a terra prometida pelo seu Deus, encontraram um grande número de nações que seriam desalojadas e até mesmo destruídas devido ao seu modo de vida. Isso foi dito ao povo antes mesmo de começarem as conquistas.

Não é por causa de sua justiça ou de sua retidão que você conquistará a terra deles. Mas é por causa da maldade destas nações que o Senhor, o seu Deus, as expulsará de diante de você, para cumprir a palavra que o Senhor prometeu, sob juramento, aos seus antepassados, Abraão, Isaque e Jacó. Deuteronômio 9:5


Vemos até aqui que o juízo tem sido executado dentro de um contexto, digamos, material, mas o verdadeiro juízo foi descrito e esclarecido por Yeshua, quando mostrou que o juízo real e definitivo está dentro da esfera do espiritual.

Em todas as instruções que Yeshua transmitiu durante as suas pregações às multidões, ele usou exemplos que geralmente se referiam ao próprio povo de Israel.

Chegou o dia em que o mendigo morreu, e os anjos o levaram para junto de Abraão. O rico também morreu e foi sepultado.

No Hades, onde estava sendo atormentado, ele olhou para cima e viu Abraão de longe, com Lázaro ao seu lado. Lucas 16:22,23


Observamos que no TANACH não há uma descrição mais detalhada sobre o pós vida, somente que havia um entendimento de que existia vida após a morte.

Mas agora que ela morreu, por que deveria jejuar? Poderia eu trazê-la de volta à vida? Eu irei até ela, mas ela não voltará para mim". 2 Samuel 12:23

David sabia que a morte não era o fim da existência.


Sabia-se que os maus não seriam tratados da mesma forma que os fiéis, o entendimento era que os maus iriam para um, por assim dizer, depósito de almas ou espíritos dos mortos.

Nas profundezas o Sheol está todo agitado para recebê-lo quando chegar. Por sua causa ele desperta os espíritos dos mortos, todos os governantes da terra. Ele os faz levantar-se dos seus tronos, todos os reis dos povos. Isaías 14:9


Tanto a palavra Sheol do hebraico, como a palavra Hades do grego, se referem ao mesmo conceito, que é a região dos mortos comuns, já os fiéis do Senhor são tratados de forma diferente, vejamos;

Ali, na montanha que você tiver subido, você morrerá e será reunido aos seus antepassados, assim como o seu irmão Arão morreu no monte Hor e foi reunido aos seus antepassados. Deuteronômio 32:50

Ser reunido a Abrão, Isaque e Jacó significa estar em um ambiente em que se conhece as pessoas, haverá interação, um meio muito diferente de ser simplesmente lançado no lugar dos mortos sem nenhum benefício ou privilégio.


Já Yeshua usa outras designações para o destino dos fiéis, começou por João o imersor quando anunciou que o Reino de Deus era vindo, a partir de então tornou-se frequente o uso da expressão por parte do Messias.

Depois que João foi preso, Yeshua foi para a Galileia, proclamando as boas novas de Deus.

"O tempo é chegado", dizia ele. "O Reino de Deus está próximo. Arrependam-se e creiam nas boas novas! " Marcos 1:14,15


Esse tema era tão importante que havia uma atenção especial para esclarecer sobre esse assunto junto aos discípulos mais chegados.

Ele lhes disse: "A vocês foi dado o mistério do Reino de Deus, mas aos que estão fora tudo é dito por parábolas, Marcos 4:11


E a respeito dos incrédulos?

Yeshua também foi bem mais detalhado do que no TANACH.

"Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos céus, mas apenas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus.

Muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios e não realizamos muitos milagres?’

Então eu lhes direi claramente: ‘Nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês, que praticam o mal!’ " Mateus 7:21-23


Mas a melhor descrição e mais detalhada foi dada por Yeshua a João quando este estava exilado na ilha de Patmos.

Vi também os mortos, grandes e pequenos, de pé diante do trono, e livros foram abertos. Outro livro foi aberto, o livro da vida. Os mortos foram julgados de acordo com o que tinham feito, segundo o que estava registrado nos livros.

O mar entregou os mortos que nele havia, e a morte e o Hades entregaram os mortos que neles havia; e cada um foi julgado de acordo com o que tinha feito.

Então a morte e o Hades foram lançados no lago de fogo. O lago de fogo é a segunda morte.

Se o nome de alguém não foi encontrado no livro da vida, este foi lançado no lago de fogo. Apocalipse 20:12-15

Fica então claro que todas as pessoas que não reconhecerem Yeshua como Messias e não se sujeitarem à sua Palavra serão julgados por suas ações.

A partir do fim dos tempos e após o último julgamento, os que não foram encontrados no livro da vida não mais estarão no sheol ou hades onde já estavam em tormento (já sabiam que estavam em falta), mas agora já devidamente condenados por suas ações irão para a segunda morte.

Não há referências que detalhem muito sobre o que é essa segunda morte, mas sabemos que tem a ver com o afastamento da presença de Deus.

Não temos como descrever essa terrível penalidade, pois a consciência de que Deus existe de fato, e que a pessoa passou a vida negando-se a se relacionar com a sua condição espiritual, e que perdeu a oportunidade de ser justificado já deve produzir um grande sofrimento, e agora ficar condenado a um eterno isolamento não posso sequer tentar imaginar.


Os filhos de Deus não têm o que temer, mas a nossa grande responsabilidade é justamente levarmos as Boas Novas para aqueles que estão em sério risco de serem condenados. Devemos arregaçar as mangas e partirmos para a frente e amarmos as almas perdidas, principalmente as “ovelhas perdidas da Casa de Israel.

Escrito por

Rosh Gilberto Branco

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