Kabalá - A face esotérica do judaísmo

22/08/2020
Por Rosh Gilberto Branco

Tempo de leitura: minutos


O Pr Eguinaldo Hélio de Souza fez um bom estudo sobre alguns pontos a serem considerados sobre a Kabalá.

 

Novamente iremos tratar apenas de alguns pontos, sem intenção de esgotar o assunto.

 

Vejamos alguns pontos interessantes;

 

Alguns artistas e pessoas famosas deram um razoável destaque sobre o tema, a ponto de muitas pessoas serem despertadas pela curiosidade e desejarem se envolver com a temática kabalística.

 

Embora este tipo de ocultismo seja comum entre os judeus há mais de mil anos, sempre permaneceu à margem da religião oficial e sempre foi visto com desconfiança pelos mais ortodoxos. Se, todavia, esta prática "está em moda", é porque toda forma de ocultismo também está. Entra no mesmo cesto dos demais ramos do misticismo, como a teosofia e seus derivados. O site esotérico "Astrosirius" descreveu muito bem este relacionamento entre Kabala e Nova Era de forma muito clara:

“O estudo da Cabala era até os anos 70 reservado a alguns poucos iniciados, especialmente aos rabinos judeus. Mas os ventos da nova era de Aquário abrem as portas para que os conhecimentos ocultos possam ser mais acessíveis a todos aqueles que desejam se desenvolver espiritualmente, conhecendo a sua finalidade no planeta Terra.”

 

Embora seus adeptos gostem de atribuir suas origens aos tempos primitivos, como procedendo de Adão e Abraão, os primeiros a esboçar seus ensinos, pertencem ao segundo século depois do Messias, como os rabinos Ismael bem Elisa; Nechunjah bem Hakana e Simeon bem Yohai. A este último se atribui a autoria do principal livro da Cabala - o Zohar, embora isto não seja definitivamente verdade.

Os estudiosos do judaísmo consideram como o verdadeiro autor, o rabino medieval espanhol, Moisés de Leon (1250 - 1305), místico e kabalista. O Zohar (Esplendor) é um comentário esotérico do Pentateuco.

O termo "cabala" como é usado por muitos hoje, vai além de seus limites judaicos. Talvez esteja sendo usado principalmente por seu rótulo de "magia branca", a fim de amenizar o impacto na prática da bruxaria.

Em seus princípios ela abrangia três campos: a metafísica especulativa, que busca explicar o funcionamento do mundo e formular uma compreensão da realidade; a ética ascética que incentiva um afastamento físico do mundo, bem semelhante ao monasticismo; e, por fim, a mágica-supersticiosa, que apresenta as mesmas características dos demais títulos de magia e que emprega os nomes de Deus, de anjos e aplica amplamente um tipo de numerologia.

A ênfase atual que tem popularizado a Kabala é o terceiro destes campos. Havendo caído no domínio não judaico, tem se dado bastante ênfase aos poderes mágicos, à comunicação com anjos e outros aspectos semelhantes. A própria comunidade judaica algumas vezes vê com bons olhos este "despertamento" cabalístico.

 

Verdadeiros fundamentos da Cabala

 

1- Apesar das constantes referências à Lei e aos Profetas e de alegar estar fundamenta nas Escrituras do Antigo Testamento, a verdade é que a Cabala não fundamenta nestas suas doutrinas e práticas. Trata-se apenas de uma forma de garantir aceitação e credibilidade.

Há uma diferença muito grande em uma aceitação das Escrituras e uma aceitação EXCLUSIVA das Escrituras. Muitas correntes religiosas estão dispostas a reconhecer a autoridade destas se esta autoridade não for a única. Se tiverem que derivar suas práticas e ensinos somente dela, com certeza a rejeitarão. Recusam-se a beber apenas desta fonte. Só será utilizado aquilo que se harmonizar com o conteúdo de outras fontes, o demais será rejeitado.

 

2- Um dos pontos em que o neoplatonismo influenciou a Cabala, foi nas questões que envolvem a alma. Esta seria uma das emanações do Uno. Também é bem possível que a partir do neoplatonismo a metempsicose ou reencarnação tenha entrada nas doutrinas cabalísticas. No platonismo, a alma humana, "por punição e expiação de uma falta, anima sucessivamente corpos terrenos".

O neoplatonismo colocava Deus como o inefável, podendo ser atingido em sua plenitude somente através do êxtase. Este pensamento com certeza transformou a Kabala em um misticismo estático, um dos aspectos mais destacados da Cabala por toda a Idade Média.

Vale lembrar que o judeu Fílon, de Alexandria, teve muito a ver com isto. Ele viveu no primeiro século depois de Cristo e tentou fazer uma síntese entre Lei Mosaica e filosofia platônica. O resultado disto foi transformar Platão em um Moisés Grego e a Torá em um livro esotérico, cheio de linguagens simbólicas e misteriosas. Isto contribuiria muito nos anos vindouros para uma aproximação entre filosofia grega e judaísmo.

“Pois assim diz o Alto e Sublime, que vive para sempre, e cujo nome é santo: "Habito num lugar alto e santo, mas habito também com o contrito e humilde de espírito, para dar novo ânimo ao espírito do humilde e novo alento ao coração do contrito.  Isaías 57:15”

 

A doutrina da reencarnação da Kabala, é a mesma do espiritismo kardecista, embora alguns, semelhantes aos hindus, defendam que uma alma pode voltar como um animal, uma planta ou mesmo uma pedra, conforme o hinduísmo apregoa. Todavia, todos estes conceitos chocam-se de frente com as concepções da Bíblia Sagrada.

Embora os defensores da reencarnação no judaísmo tenham falado em "inúmeros versículos bíblicos", isto não é verdade. Nenhum só versículo, seja do Antigo quanto do Novo Testamento, existem em apoio a estas crenças. Não há qualquer referência à uma pré-existência da alma, ou a uma posterior reencarnação da mesma. Muito pelo contrário, ela estabelece um início único para cada ser humano (Zc 12.1; Sl 139.13-16) e um fim único para cada ser humano (Ec 9.10; Hb 9.27). Esta doutrina não nasceu das páginas da Bíblia com toda certeza.

 

Esta é a palavra do Senhor para Israel. Palavra do Senhor, que estende os céus, assenta o alicerce da terra e forma o espírito do homem dentro dele:  Zacarias 12:1

 

Da mesma forma, como o homem está destinado a morrer uma só vez e depois disso enfrentar o juízo.  Hebreus 9:27

 

3- Magia, numerologia, amuletos

 

No universo da Kabala, o mais forte não são as noções metafísicas, os êxtases espirituais e sim a magia, chamada branca, que se utiliza de nomes mágicos, números e amuletos, do mesmo modo que as demais práticas mágicas, com a diferença que extrai seus elementos do contexto judaico.

Há amuletos como o Shem, o nome falado do Deus que segundo os kabalistas realiza milagres. Nomes de anjos (de fontes não bíblicas, com certeza) que são pronunciados em busca de resultados. Nomes de pessoas são mudados para completar certos valores numéricos considerados favoráveis e livrar-se de outros considerados prejudiciais.

Os amuletos cabalísticos contêm vários supostos nomes de Deus e de anjos, assim como fórmulas com bênçãos ou maldições. E combinações obscuras e quase incompreensíveis de letras. Uma das combinações mais famosas é a palavra Abracadabra", que significa algo como "some depressa com estas palavras" e segundo o ritual, tinha de ser proferida para doentes, a fim de curá-los.

O forte elemento ritual e mágico que se manifestou com a Kabala nestes últimos tempos, traz com ele a fé em amuletos e outros tipos de objetos sagrados, como é comum quando se desenvolve o lado supersticioso das religiões.

 

"Magia Branca ???"

 

A Kabala compreende dois aspectos: a teórica e a prática. Em seu aspecto prático os cabalistas alegam utilizar, como propósito e intenção, a "magia branca", pois operam com os nomes santos de Deus, em contraste com a magia negra, que usa poderes demoníacos (bruxaria).

Apesar dessa aparente distinção, como toda forma de magia, a Kabala busca manipular a realidade por meio de fórmulas e palavras mágicas. Segundo o estudioso judeu e discípulo do cabalista Isaac ben Salomon, Hayyim Vital, é difícil definir as linhas prevalecentes dentro das práticas mágicas cabalísticas. Ele enfaticamente aponta os perigos que envolvem as fórmulas mágicas, mesmo quando usadas para meditação espiritual. Em certos praticantes, a linha divisória entre magia negra e branca é difícil de se distinguir, especialmente no que envolve necromancia, exorcismo e no uso de amuletos. É também ligada a muitas outras ciências ocultas, tais como a astrologia, a alquimia e quiromancia (leitura das mãos).

 

O judaísmo sem Yeshua levou os rabinos ao longo dos anos a se voltarem a uma forma mística e distorcida de judaísmo, influenciado por elementos esotéricos gnósticos e neoplatônicos. A magia judaica não é em nada melhor do que a magia pagã, simplesmente por usar elementos bíblicos como referência.

 

Não só os nomes de Deus, são utilizados nos encantamentos, mas também os supostos nomes de diversos anjos. É bom frisar que os nomes dos anjos não são tirados dos livros canônicos do Antigo Testamento, pois estes só fazem referência aos nomes de dois anjos: Gabriel e Miguel. Quanto ao uso dos nomes de Deus, a Kabala não precisaria envolver-se com tanto ocultismo para encontrar Deus. Esse uso ilegítimo que fazem dos nomes de Deus pesa sobre suas vidas como uma maldição. No decálogo lemos o terceiro mandamento: "Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão" (Ex 20.7).

Aos cabalistas, cabe retirar de sua vida toda interpretação obscura, todo ritual inútil, todos os "objetos sagrados" que não passam de uma idolatria disfarçada. E então voltarem-se para as páginas da Torá e ali reconhecer o verdadeiro plano de Deus para suas vidas, deixando de lado fantasias e enganos. O homem não terá que dar conta a coisa alguma que esteja "escondida" nas Escrituras, e sim às coisas evidentes que Deus tem mostrado em sua palavra.


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Rosh Gilberto Branco

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