Estudo sobre Romanos - Parte 06

23/07/2021
Por Rosh Gilberto Branco

Tempo de leitura: minutos


Entramos agora, a partir do capítulo 9, em assuntos muito pertinentes ao movimento judaico messiânico.

Digo a verdade no Messias, não minto; minha consciência o confirma no Espírito Santo: tenho grande tristeza e constante angústia em meu coração.

Pois eu até desejaria ser amaldiçoado e separado do Messias por amor de meus irmãos, os de minha raça, o povo de Israel. Deles é a adoção de filhos; deles é a glória divina, as alianças, a concessão da Torá, a adoração no templo e as promessas. Romanos 9:1-4

Shaul concentra agora a sua análise sobre a situação do povo judeu na sua época. Ele, que esteve tão envolvido com o meio religioso de Jerusalém, agora consegue ver com a clareza da visão do Eterno a real condição espiritual das autoridades religiosas e o quanto isso afetava todo o povo judeu.

Essa situação era tão grave que ele se angustiava, principalmente porque o Espírito de Deus o fez sentir o peso dessa condição.

Ele entendeu o que muitos não entendem hoje, que apesar de todo o privilégio do povo judeu em ter recebido a escolha como povo que é propriedade do Eterno, eles nem sempre foram fiéis e agradáveis aos olhos do Criador.

O povo de minha propriedade tornou-se para mim como um leão na floresta. Ele ruge contra mim, por isso eu o odeio. Jeremias 12:8

Receberam toda a manifestação da glória de Deus, do seu poder, suas promessas, a instrução para servi-lo e oportunidade de experimentar a sua misericórdia, tinham toda a infraestrutura para os serviços divinos, mas estavam em uma situação tão deprimente que ele até desejaria doar-se a si mesmo para livrar os seus concidadãos.


Dando continuidade sobre os privilégios dos hebreus;

Deles são os patriarcas, e a partir deles se traça a linhagem humana do Messias, que é acima de tudo, bendito seja Adonai para sempre! Amém. Romanos 9:5

O maior de todos os privilégios, estar na linhagem do Messias, mas nem isso foi o suficiente para que todos os descendentes de Avraham permanecessem fieis.


Ao vermos a decadência de Israel podemos perguntar, quem falhou?

Não pensemos que a palavra de Deus falhou. Pois nem todos os descendentes de Israel são Israel.

Nem por serem descendentes de Abraão passaram todos a ser filhos de Abraão. Pelo contrário: "Por meio de Isaque a sua descendência será considerada".

Noutras palavras, não são os filhos naturais que são filhos de Deus, mas os filhos da promessa é que são considerados descendência de Abraão.

Pois foi assim que a promessa foi feita: "no tempo devido virei novamente, e Sara terá um filho". Romanos 9:6-9

É algo notório, que a descendência de Avraham não se limitou a Yitzhak, afinal ele teve vários irmãos, começando por Ishmael, filho de Hagar concubina serva de Sara, e mais seis filhos com Keturá, com quem casou após a morte de Sara. Mesmo assim, somente havia promessa a respeito de Yitzhak e somente por ele importava a descendência de Avraham, assim entendeu Shaul que para ser filho de Deus não depende de ser descendente de Avraham, não é o DNA que importa, mas sim o estar ligado às promessas do Eterno.


Segue outro exemplo;

E esse não foi o único caso; também os filhos de Rebeca tiveram um mesmo pai, nosso pai Isaque.

Todavia, antes que os gêmeos nascessem ou fizessem qualquer coisa boa ou má - a fim de que o propósito de Deus conforme a eleição permanecesse, não por obras, mas por aquele que chama - foi dito a ela: "O mais velho servirá ao mais novo".

Como está escrito: "Amei Jacó, mas rejeitei Esaú". Romanos 9:10-13

Assim percebe-se que o Eterno não se prende a conceitos que o homem pode prezar muito, pois se dependesse de Yitzhak a sua descendência estaria em Essav, mas Deus escolheu Yakov.

O direito de escolha é prerrogativa inerente ao Deus do universo, cuja a capacidade de conhecer o capacita a eleger o que melhor se adequa dentro dos seus parâmetros e também garante o direito de desprezar quem Ele sabe não estar em sintonia com a sua Santidade.


Shaul faz mais uma pergunta hipotética;

E então, que diremos? Acaso Deus é injusto? De maneira nenhuma!

Pois ele diz a Moisés: "Terei misericórdia de quem eu quiser ter misericórdia e terei compaixão de quem eu quiser ter compaixão".

Portanto, isso não depende do desejo ou do esforço humano, mas da misericórdia de Deus. Romanos 9:14-16

Algumas vezes, eu imagino qual deve ser a reação de Deus ao ver algumas das suas criaturas questionando algumas de suas atitudes julgando-as erradas para um Deus. Será que, como diz o Salmo 2.4 “Ele ri e zomba delas”? É provável, mas também o verso seguinte diz que se ira e faz saber que é assim que Ele é.

Ele faz o que quer, como quer e quando quer e não precisa pedir permissão ou conselho para ninguém!

Alegremo-nos porque o Eterno se compadeceu de nós, porque Ele viu algo nas nossas vidas que o moveram em nosso favor. Ou seja, nós não merecemos nada por mais que nos esforcemos, porque boas coisas são apenas obrigações nossas a fazer e não um favor a Deus.

Costumo dizer que não devemos pedir que o Eterno nos dê o que merecemos, porque a única coisa que merecemos é a condenação eterna e o distanciamento do Criador, mas se não somos condenados e enviados ao Sheol e somos declarados justificados, é devido à compaixão e misericórdia de Deus.


Como exemplo Shaul relata;

Pois a Escritura diz ao faraó: "Eu o levantei exatamente com este propósito: mostrar em você o meu poder, e para que o meu nome seja proclamado em toda a terra".

Portanto, Deus tem misericórdia de quem ele quer, e endurece a quem ele quer. Romanos 9:17,18

Não temos o relato de como esse faraó chegou ao poder, mas fica claro que não teve nada a ver com os planos dele ou da elite egípcia, foi o Deus do universo quem o colocou no governo, ele foi escolhido porque o Eterno conhecia o seu coração duro e quis usá-lo por isso mesmo.

Hoje sabemos muita coisa sobre o poder de Deus e a proclamação do nome do Senhor por causa dele.


Shaul mais uma vez faz uma pergunta hipotética, mas que na verdade é bem possível que seja feita por alguém;

Mas algum de vocês me dirá: "Então, por que Deus ainda nos culpa? Pois, quem resiste à sua vontade? "

Mas quem é você, ó homem, para questionar a Deus? "Acaso aquilo que é formado pode dizer ao que o formou: ‘Por que me fizeste assim?’ " Romanos 9:19,20

Quando se estuda a Palavra do Eterno, sempre surgem perguntas, mas as Escrituras sempre respondem.

Alguns afirmam que a vontade de Deus pode até ser cheia de caprichos, por isso escolhe aleatoriamente as pessoas para se aproximarem dEle, mas não é assim, tudo o que o Criador faz o faz com critério.

É verdade que ninguém pode resistir à sua vontade, mas mesmo assim Ele se dispôs a nos dar o livre arbítrio e isso nos deixa indesculpáveis.


Shaul agora usa uma ilustração muito significativa e que não pode ser desprezada;

O oleiro não tem direito de fazer do mesmo barro um vaso para fins nobres e outro para uso desonroso?

E se Deus, querendo mostrar a sua ira e tornar conhecido o seu poder, suportou com grande paciência os vasos de sua ira, preparados para destruição? Romanos 9:21,22

Um oleiro tem a sua disposição uma certa quantidade de barro. Ele separa uma porção e a coloca na roda de oleiro e ela começa a girar, então com suas mãos ele modela com muito cuidado aquele barro e passa a dar um formato de vaso.

Na sua cabeça, ele agora fará um vaso decorativo que requererá toda a sua habilidade para fazê-lo belo e bem acabado. O oleiro dedica todo o cuidado para prepara-lo atentando para cada detalhe buscando a perfeição.

Depois pega uma outra porção do barro e o coloca na roda de oleiro também, mas agora fará um recipiente para coletar lixo e que ficará debaixo da mesa fora de vista. Esse produto não requer muito acabamento e nem muita dedicação, simplesmente cumprirá o propósito para o que foi feito.

Nisto está o direito do oleiro, ele não pergunta para o barro “- O que quer que eu faça com você?”. Antes fará o que bem desejar.


Desta forma, contrariando o entendimento de várias pessoas hoje em dia que acham que ser judeu “é o máximo”, ou seja, consideram que a escolha do Eterno sobre Israel tem a ver com uma forma discriminatória sobre o resto do mundo, Shaul deixa claro sobre as intenções de Deus;

Que dizer, se ele fez isto para tornar conhecidas as riquezas de sua glória aos vasos de sua misericórdia, que preparou de antemão para glória, ou seja, a nós, a quem também chamou, não apenas dentre os judeus, mas também dentre os gentios?

Como ele diz em Oséias: "Chamarei ‘meu povo’ a quem não é meu povo; e chamarei ‘minha amada’ a quem não é minha amada", e: "Acontecerá que, no mesmo lugar em que se lhes declarou: ‘Vocês não são meu povo’, eles serão chamados ‘filhos do Deus vivo’. " Romanos 9:23-26

A escolha do Eterno está em pessoas, não em etnias ou nacionalidades.

Shaul deixou claro que Deus não faz distinções quanto à salvação e consequente herança do Reino de Deus. Para deixar claro ele usa a referência do profeta Oséias que, muito possivelmente, muitos judeus estudiosos do TANACH nunca conseguiram compreender corretamente.

“Os gentios serão inseridos no corpo do Messias dos judeus”.


Para dirimir dúvidas, que fique isto claro;

Isaías exclama com relação a Israel: "Embora o número dos israelitas seja como a areia do mar, apenas o remanescente será salvo.

Pois o Senhor executará na terra a sua sentença, rápida e definitivamente".

Como anteriormente disse Isaías: "Se o Senhor dos Exércitos não nos tivesse deixado descendentes, já estaríamos como Sodoma, e semelhantes a Gomorra".

 Romanos 9:27,29

Existem pessoas que não agem como Shaul, conferindo toda a Torá sem excluir nada, mesmo naquilo que aparenta contradição como veremos mais à frente.

A palavra-chave aqui é “remanescente”, é com isso que devemos raciocinar daqui para a frente. Pois fica conclusivo e taxativo que nem todo judeu é filho de Deus.


Esclarecendo um grande mistério;

Que diremos, então? Os gentios, que não buscavam justiça, a obtiveram, uma justiça que vem da confiança; mas Israel, que buscava uma instrução que trouxesse justiça, não alcançou o que a Torá oferece. Romanos 9:30,31

Eis uma grande notícia para o mundo, o caminho para a justiça de Deus está acessível para todos os homens, o caminho é a confiança nas instruções de Yeshua. Já quanto a Israel, ainda hoje não mudou nada em relação aos dias de Shaul, continuam na guarda da Torá, mas não encontram a justiça que ela oferece.


Uma dúvida!

Por que não? Porque não a buscava fundamentada na confiança, mas como se fosse por obras. Eles tropeçaram na "pedra de tropeço".

Como está escrito: "Eis que ponho em Sião uma pedra de tropeço e uma rocha que faz cair; e aquele que nela confia jamais será envergonhado". Romanos 9:32,33

Os judeus e os gentios que abraçam o judaísmo devem ficar muito alertas, pois é tênue a linha que separa o legalismo que se justifica pelas obras com a confiança regada com identidade judaica, muitos cruzam a linha e não enxergam como voltar.

Yeshua, a “pedra de tropeço” é o único marco que serve de referência para não cruzar o limite, onde a cultura judaica é apenas a cultura, e a confiança fica depositada somente no Messias.





Escrito por

Rosh Gilberto Branco

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