
Carta aos Hebreus - Parte 2
Por Rosh Gilberto Branco
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Dando sequência ao estudo da carta aos hebreus, começaremos a meditar a partir do capítulo três;
Portanto, santos irmãos, participantes do chamado celestial, fixem os seus pensamentos em Yeshua, apóstolo e sumo sacerdote que confessamos.
Ele foi fiel àquele que o havia constituído, assim como Moisés foi fiel em toda a casa de Deus.
Yeshua foi considerado digno de maior glória do que Moisés, da mesma forma que o construtor de uma casa tem mais honra do que a própria casa. Hebreus 3:1-3
Conforme tratamos na parte um desde estudo, Yeshua vivenciou a condição humana tornando-se um humano por um tempo até a morte do seu corpo.
Agora o escritor da carta nos leva a tomar uma posição, fixar nossos pensamentos em Yeshua. Essa recomendação torna-se muito relevante nos dias de hoje quando vemos muitos cristãos, que enveredam no judaísmo, acabarem perdendo o foco no messias e praticamente só falam de temas culturais judaicos e a pessoa de Yeshua perde a prioridade em sua vida, outros ainda focam tanto no nome que acham certo conforme são ensinados, que o personagem, dono do nome, também fica em posição secundária.
Está claro que o personagem Yeshua é mais importante do que Moisés, pois como é proposto, o construtor tem mais honra do que a casa, assim o Messias que é parte do Criador tem a honra de participar da criação e chamado, tanto de Moisés quanto de qualquer outro personagem da Torá, assim a glória de Yeshua é a maior da história.
Na sequência;
Pois toda casa é construída por alguém, mas Deus é o edificador de tudo. Hebreus 3:4
Acima de toda consideração a qualquer raciocínio sobre questões teológicas está a afirmação de que aquele que criou tudo é mais importante do que os detalhes que o envolvem.
Sobre a importância de Moisés;
Moisés foi fiel como servo em toda a casa de Deus, dando testemunho do que haveria de ser dito no futuro, mas o Messias é fiel como Filho sobre a casa de Deus; e esta casa somos nós, se é que nos apegamos firmemente à confiança e à esperança da qual nos gloriamos. Hebreus 3:5,6
A fidelidade de Moisés como serviçal do Divino é admirável, por isso o Eterno deu a ele as palavras que serviriam de base para todo o modo de vida dos israelitas e que teriam também fundamentos para todas as nações, já a fidelidade do Messias assumida como Yeshua, ser humano temporariamente desconectado da glória divina, tinha uma motivação superior, pois é a fidelidade de um filho como ente participante da divindade. Essa fidelidade é expressa no cuidado com a casa do Eterno, não como uma construção física, mas como uma família, na mesma expressão usada em “casa de David”, ou “casa de Judá”, significando as pessoas que dela fazem parte, assim a “casa de Deus” somos todos os que dela participamos.
Assim como as palavras de Moisés edificaram a “casa de Judá”, as palavras de Yeshua edificam a “casa de Deus”, que somos nós.
Usando mais um texto dos Salmos, o escritor diz;
Assim, como diz o Espírito Santo: "Hoje, se vocês ouvirem a sua voz, não endureçam o coração, como na rebelião, durante o tempo de provação no deserto, onde os seus antepassados me tentaram, pondo-me à prova, apesar de, durante quarenta anos, terem visto o que eu fiz.
Por isso fiquei irado contra aquela geração e disse: Os seus corações estão sempre se desviando, e eles não reconheceram os meus caminhos.
Assim jurei na minha ira: Jamais entrarão no meu descanso". Hebreus 3:7-11
O escritor diz que no seu tempo haveria uma tentação, ou prova, e nós podemos dizer que no nosso tempo isso ainda é uma verdade, mesmo vendo o poder da mão do Eterno ainda assim, muitos mantém o seu coração duro para aceitar a revelação do Ruach, preferindo a opinião de pessoas que admiram do que buscar no Eterno o entendimento verdadeiro.
No deserto muitos preferiram ouvir Koré, por isso foram tragados nas areias, hoje muitos preferem ouvir líderes que dizem ser sábios, mas no fim serão engolidos por um lamaçal de mentiras, as chamadas “doutrinas de demônios”.
Uma pausa para exortação;
Cuidado, irmãos, para que nenhum de vocês tenha coração perverso e incrédulo, que se afaste do Deus vivo.
Pelo contrário, encorajem-se uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama "hoje", de modo que nenhum de vocês seja endurecido pelo engano do pecado, pois passamos a ser participantes do Messias, desde que, de fato, nos apeguemos até o fim à confiança que tivemos no princípio. Hebreus 3:12-14
A responsabilidade sobre o que cremos é só nossa, somos cercados por todo tipo de pensamento e ideologias, mas devemos ser cuidadosos ao selecionar o que vamos acalentar em nossa mente, isso às vezes dá trabalho e uma pessoa que não é chegada a fazer esforço irá escolher o mais conveniente e agradável e não o que realmente é bom.
Por isso o escritor disse que nós devemos escolher não ter coração perverso e incrédulo, sim, ser incrédulo é uma escolha pessoal, não é algo inato que já nasce com a pessoa, por isso cada um será julgado pelas suas escolhas e ser incrédulo é motivo para condenação.
Quando ele diz que devemos nos encorajar uns aos outros, também está dizendo que é importante congregarmos, pois os que acham que podem ser fiéis ao Eterno vivendo isolados e sós, estão se expondo a uma condição difícil de sustentar e também inadequada, pois não somente não poderão incentivar os outros como também não serão incentivados pelos outros.
Dando sequência agora;
Por isso é que se diz: "Se hoje vocês ouvirem a sua voz, não endureçam o coração, como na rebelião".
Quem foram os que ouviram e se rebelaram? Não foram todos os que Moisés tirou do Egito?
Contra quem Deus esteve irado durante quarenta anos? Não foi contra aqueles que pecaram, cujos corpos caíram no deserto?
E a quem jurou que nunca haveriam de entrar no seu descanso? Não foi àqueles que foram desobedientes?
Vemos, assim, que foi por causa da incredulidade que não puderam entrar. Hebreus 3:15-19
Foi trágico o que houve no deserto, centenas de milhares de israelitas endureceram o coração, escolheram ignorar os maravilhosos sinais que lhes foram mostrados no Egito e também no caminho pelo deserto, e iraram o Eterno a ponto de serem descartados da sua presença. Esses hoje sabem que fizeram uma má escolha, mas agora é tarde, já há quase três mil e quinhentos anos que lamentam pelo erro cometido, pois já sabem o que lhes está destinado. Já uns poucos que deram ouvidos a Moshé estão no descanso desde essa época e só aguardam a redenção final.
Por Yeshua a mesma oportunidade está diante de nós.
Começamos agora o capítulo quatro;
Visto que nos foi deixada a promessa de entrarmos no descanso de Deus, temamos que algum de vocês pense que tenha falhado.
Pois as boas novas foram pregadas também a nós, tanto quanto a eles; mas a mensagem que eles ouviram de nada lhes valeu, pois não foi acompanhada de fé por aqueles que a ouviram. Hebreus 4:1,2
Voltemos ao conceito de descanso do Eterno, não é o descanso de repouso em inatividade, mas o deleite sobre a sua obra.
Os israelitas que se rebelaram foram impedidos de se deleitarem na presença do Eterno, não experimentaram o que o Ruach do Eterno poderia prover, uma experiência sobrenatural que é real e que não usufruem os incrédulos.
Essa mesma promessa feita a eles no deserto está válida ainda hoje, e ainda hoje há quem não entra no descanso do Eterno, muitos querem as bênçãos, mas não estão aptos a entrar no descanso.
Ainda sobre o descanso;
Pois nós, os que cremos, é que entramos naquele descanso, conforme Deus disse: "Assim jurei na minha ira: Jamais entrarão no meu descanso" — embora as suas obras estivessem concluídas desde a criação do mundo.
Pois em certo lugar ele falou sobre o sétimo dia, nestas palavras: "No sétimo dia Deus descansou de toda obra que realizara". Hebreus 4:3,4
O sétimo período da criação foi o tempo do deleite, tudo já estava feito, todas as leis da natureza estavam em vigor, todas as engrenagens acionadas, tudo funcionando como fora projetado, o nosso planeta girando ao redor do sol, a luz do sol ativando a vida no nosso mundo, todas as forças em ação e o homem já vivendo sobre Terra, é o momento de regozijo do Criador, agora tudo o que ele havia planejado está em andamento, o descanso do Eterno continua, pois a cada dia tudo o que fora planejado se cumpre, descanso também porque em cada momento existem pessoas que o adoram, o amam e participam do seu descanso, esses somos nós.
Continuando;
E de novo, na passagem citada há pouco, diz: "Jamais entrarão no meu descanso".
Entretanto, resta entrarem alguns naquele descanso, e aqueles a quem anteriormente as boas novas foram pregadas não entraram, por causa da desobediência.
Por isso Deus estabelece outra vez um determinado dia, chamando-o "hoje", ao declarar muito tempo depois, por meio de Davi, de acordo com o que fora dito antes: "Se hoje vocês ouvirem a sua voz, não endureçam o coração". Hebreus 4:5-7
Quase toda a geração de israelitas que saiu do Egito foi privada do descanso do Eterno, mas as portas não estão fechadas, a oportunidade não ficou restrita a aqueles dias, anos depois David afirmou, se “hoje” a voz do Eterno for ouvida!
O hoje de David torna-se um hoje para nós também, mas a regra continua a mesma, nada de coração duro.
O escritor da carta teve uma visão muito profunda e certa;
Porque, se Josué lhes tivesse dado descanso, Deus não teria falado posteriormente a respeito de outro dia.
Assim, ainda resta um descanso sabático para o povo de Deus; pois todo aquele que entra no descanso de Deus, também descansa das suas obras, como Deus descansou das suas. Hebreus 4:8-10
Alguns podem ter pensado que após Josué declarar o fim das guerras de conquista, Israel estaria livre de novos conflitos. Bem, sabemos que isso não é verdade.
O verdadeiro descanso é aquele que se desfruta na presença do Eterno, o descanso do sétimo dia da criação não foi de fato um descanso relacionado a um dia único da semana, é na verdade um descanso diário, um descanso do hoje, quando avaliamos o nosso relacionamento com o Criador e nos deleitamos com o que podemos ver.
O descanso do Eterno não é como tirar férias do trabalho para descanso do corpo;
Portanto, esforcemo-nos por entrar nesse descanso, para que ninguém venha a cair, seguindo aquele exemplo de desobediência.
Pois a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais afiada que qualquer espada de dois gumes; ela penetra ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julga os pensamentos e intenções do coração. Hebreus 4:11,12
Não há nada mais repousante do que avaliarmos a palavra do Eterno e vermos que estamos enquadrados como cumpridores da sua vontade, a palavra penetra fundo na nossa alma e nos expõe diante dos nossos olhos e sabemos o que significa sermos reconhecidos como filhos de Deus. É repousante sabermos que mesmo sendo imperfeitos Ele nos recebe e nos trata bem.
A palavra de Deus faz uma grande diferença na nossa vida, ela não é superficial, ela vai fundo no nosso ser.
Para deixar claro para os messiânicos do primeiro século foi escrito;
Nada, em toda a criação, está oculto aos olhos de Deus. Tudo está descoberto e exposto diante dos olhos daquele a quem havemos de prestar contas.
Portanto, visto que temos um grande sumo sacerdote que adentrou os céus, Yeshua, o Filho de Deus, apeguemo-nos com toda a firmeza à fé que professamos, pois não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas sim alguém que, como nós, passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado. Hebreus 4:13-15
Para os israelitas a compreensão da natureza do Messias era algo difícil, mas fundamental, e da mesma forma que era necessário o entendimento recebido por parte do Ruach haKadosh (o Santo Espírito) nos tempos do primeiro século, a necessidade continua a mesma nos dias de hoje.
O caminho para o descanso é único;
Assim sendo, aproximemo-nos do trono da graça com toda a confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento da necessidade. Hebreus 4:16
Escrito para a comunidade judaica na diáspora, depois de tanto sofrimento, só haverá descanso através da aproximação da verdade divina que é a redenção pelo sacrifício do Messias.
Esta é a segunda parte do estudo da carta aos judeus messiânicos, acompanhem a próxima parte.
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